sexta-feira, 24 de dezembro de 2010

Hoje e amanhã.

"E depois, por muitos dias imperfeitos que tenhamos para contar, por muitas feridas que o nosso coração ostente orgulhosamente (orgulhoso porque continuou, no fundo, a bater, mesmo com todas essas feridas), depois, por muitas horas de pensamentos que mais não fazem do que nos atirar para um lugar que não nos impede de existirmos, mas impossibilita-nos de vivermos... Por muitas perguntas que tenhamos feito sobre a vida, o futuro, o presente e nós próprios, por muitas conversas que tenhamos tido, por muitos minutos que tenhamos passado a recuar no tempo, a tentar perceber onde é que falhámos, o que é que poderíamos ter feito de forma diferente, porque é que não vimos determinadas coisas, ou porque é que vimos tantas outras... Por muito pesado que o nosso andar seja, e os nossos passos se arrastem pelos nossos dias eventualmente iguais, vazios, sem vida... Por muita falta de crença que levemos nas mãos, no coração e na alma... Chega-nos, à nossa vida, o dia em que, estranhamente, tudo isso muda. E aprendemos a relativizar. E vemos que de facto mesmo nos nossos dias mais vazios, temos coisas realmente bonitas. Vemos que no fundo, no fundo, até temos o mais importante e que o passado é passado e já está feito. Não o podemos alterar, por muitas viagens que façamos para todos aqueles dias que acabaram. Porque há sempre uma coisa ou outra que nos puxa de volta para o presente, como termos de acordar para mais um dia, como vermos que os lugares continuam a existir, que o sol continua a nascer no mesmo céu e as pessoas em nosso redor continuam a viver. Porque um dia acordamos e a vida obriga-nos, mais não seja através da felicidade, a vivermos no presente. E é como se lá fora existisse toda uma tempestade capaz de abalar o mundo, mas dentro de nós nascesse uma manhã de sol quente."
, blog.


E é assim mesmo. Hoje, e espero que o hoje seja intemporal, digo o mesmo. Digo-o com toda a certeza e mais alguma, que por muito que esta vida seja injusta, egoísta e, por um certo lado, imperfeita, não deixemos que ela nos passe ao lado. Os dias vazios, sem sentido nenhum, são preciosos, são precisos para mais tarde darmos valor à felicidade pura que sentimos bem dentro do nosso coração e que deixamos fugir por meros sorrisos e palavras bonitas. Todos nós, até aqueles que nem sempre estão bem com a vida, nem sempre são correctos e verdadeiros, merecem sentir o calor de um abraço, o aconchego do lar e o despertar de um sorriso.

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